sábado, 3 de janeiro de 2009

LXXXIII (Do livro Cem Sonetos de Amor) Pablo Neruda

É BOM, amor, sentir-te de mim na noite,
invisível em teu sonho, seriamente noturna,
enquanto eu desenrolo minhas preocupações
como se fossem redes confundidas.

Ausente, pelos sonhos teu coração navega,
mas teu corpo assim abandonado respira
buscando-me sem ver-me, completando meu sonho
como uma planta que se duplica na sombra.

Erguida, serás outras que viverá amanhã,
mas das fronteiras perdidas na noite,
deste ser e não ser em que nos encontramos

algo fica acercando-nos na luz da vida
como se o selo da sombra assinalasse
como fogo suas secretas criaturas.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Lindo esse soneto..tenho aqui no livro também...
    ele era simplesmente fantástico nas metáforas e comparações...da mulher com a natureza.

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