sábado, 3 de janeiro de 2009

XLIX (Do livro Cem Sonetos de Amor) Pablo Neruda

É HOJE: todo ontem foi caindo
entre dedos de luz e olhos de sonhos,
amanhã chegará com passos verdes:
ninguém detém o rio da aurora.

Ninguém detém o rio de tuas mãos,
os olhos de teu sonho, bem-amada,
és tremor do tempo que trascorre
entre luz vertical e sol sombrio,

e o céu fecha sobre ti suas asas
levando-te e trazendo-te a meus braços
com pontual, misteriosa cortesia:

por isso canto ao dia e à lua,
ao mar, ao tempo, a todos os planetas,
a tua voz diurna e a tua pele noturna.

Um comentário: