sábado, 27 de dezembro de 2008

LXXXIX (Pablo Neruda)

Esse é um dos meus sonetos preferidos, só alguém que tenha uma sensibilidade infinita, poderia escrever palavras assim tão singelas e profundas, ninguém cantou o amor como Pablo neruda.

LXXXIX(Do livro cem sonetos de amor)

Quando eu morrer quero tuas mãos em meu olhos;
quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim seu viço
sentir a suavidade que mudou meu destino.

Quero que vivas enquanto eu, adormecido te espero,
Quero que teus ouvidos sigam ouvindo o vento
que cheires o amor do mar que amamos juntos
e que sigas pisando a areia que pisamos,

Quero que o que amo continue vivo
e a ti amei e cantei sobre todas as coisas,
por isso segue tu florescendo, florida,

para que alcances tudo o que meu amor te ordena,
para que passeie minha sombra por teu pêlo,
para que conheçam a razão de meu canto.

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