domingo, 28 de dezembro de 2008

Oda con un lamento / Ode com um lamento(Pablo Neruda)


Oh niña, entre las rosas, oh presión de palomas,
oh presidio de peces y rosales,
tu alma es una botella llena de sal sedienta
y una campana llena de uvas es tu piel.

Por desgracia no tengo para darte sino uñas
o pestañas, o pianos derretidos,
o sueños que salen de mi corazón a borbotones,
polvorientos sueños que corren como jinetes negros,
sueños llenos de velocidades y desgracias.

Sólo puedo quererte con besos y amapolas,
con guirnaldas mojas mojas por la lluvia,
mirando cenicientos caballos y perros amarrillos.

Sólo puedo quererte con olas a la espalda,
entre vagos golpes de azufre y aguas ensimismadas,
nadando a través de corazones sumergidos
y pálidas planillas de niños insepultos.

Hay mucha muerte, muchos acontecimientos funerarios
en mis desamparadas pasiones y desolados besos,
hay el agua que cae en mi cabeza,
mientras crece mi pelo,
un agua como ele tiempo, un agua negra desencadenada,
con una voz nocturna, con un grito
de pájaro en la lluvia, con una interminable
sombra de alla mojada que protege mis huesos:
mientras me visto, mientras
interminable me miro en los espejos y en los vidrios,
oigo que alguien me sigue llamándome a sollozos
con una triste voz podrida por el tiempo.

Tú estás de pie sobre la tierra, llena
de dientes y relámpagos.
Tú propagas los besos y matas las, hormigas.

Tú lloras de salud, de cebolla, de abeja,
de abecedario ardiendo.
Tú eres como una espada azul y verde
y ondulas al tocarte, como un río.
Ven a mi alma vestida de blanco, con un ramo
de ensangrentadas rosas y copas de cenizas,
ven con una manzana y un caballo,
porque allí hay una sala oscura y un candelabro roto,
unas sillas torcidas que esperan el invierno,
y una paloma muerta, con un número.
-------------------------------------------------------
Ode com um lamento

Oh menina entre as rosas, oh pressão de pombas,
oh presídio de peixes e roseirais,
tua alma é uma garrafa cheia de sal sedento
e um sino cheio de uvas é a tua pele.

Por desgraça não tenho para te dar senão unhas
ou pestanas, ou pianos derretidos,
ou sonhos que saem do meu coração aos borbotões,
empoeirados sonhos que correm como ginetes negros,
sonhos cheios de velocidades e desgraças.

Só posso te amar com beijos e papoulas,
com grinaldas molhadas pela chuva,
olhando cinzentos cavalos e cães amarelos.

Só posso te amar com ondas por detrás,
entre vagos golpes de enxofre e águas ensimesmadas,
nadando contra os cemitérios que correm em certos rios
com pasto molhado crescendo sobre as tristes tumbas de gesso,
nadando através de corações submersos
e pálidos cadernos de meninos insepultos.

Há muita morte, muitos acontecimentos funerários
nas minhas desamparadas paixões e desolados beijos,
há a água que cai na minha cabeça,
enquanto cresce o meu cabelo,
uma água como o tempo, uma água negra desacorrentada,
como uma voz noturna, como um grito
e pássaro na chuva, com uma interminável
sombra de asa molhada que protege os meus ossos:
enquanto me visito, enquanto
interminávelmente me olho nos espelhos e nas vidraças,
ouço que alguém me segue me chamando aos soluços
com uma triste voz apodrecida pelo tempo.

Tu estás de pé sobre a terra, cheia
de dentes e relâmpagos.
Tú propagas os beijos e matas as formigas

Tu choras de saúde, de cebola, de abelha,
de abecedário ardendo.
Tu és como uma espada azul e verde
e ondulas ao te tocarem, como um rio.
Vem à minha alma vestida de branco, com um ramo
de ensanguentadas rosas e taças de cinza,
vem com uma maça e um cavalo,
porque ali há uma sala escura e um candelabro quebrado,
umas cadeiras torcidas que esperam o inverno
e uma pomba morta, com um número.

Nenhum comentário:

Postar um comentário