domingo, 28 de dezembro de 2008

Veinte poemas de amor/Vinte poemas de amor (Pablo Neruda)

Veinte poemas de amor

Te recuerdo como eras en el último otonõ.
Eras la boina gris y el corazón en calma.
En tus ojos peleaban las llamas del crepúsculo.
Y las hojas caían en el agua de tu alma.
Apegada a mis brazos como una enredadera,
las hojas recogían tu voz lenta y en calma.
Hoguera de estupor en que mi sed ardía.
Dulce jacinto azul torcido sobre mi alma.
Sinto viajar tus ojos y es distante el otonõ:
boina gris, voz de pájaro y corazón de casa
hacia donde emigraban mis profundos anhelos
y caían mis besos alegres como brasas.
Cielo desde un navío. Campo desde los cerros.
Tu recuerdo es de luz, de humo, de estanque en calma!
Más de allá de tus ojos ardían los crepúsculos.
Hojas secas de otonõ giraban en tu alma.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece quelos ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te encerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de suenõ, te pareces a mi alma.
te pareces a la palavra melancolia.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
dejáme que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpada, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrellas, tan lejano e sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palavra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a los lejos".
El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.
En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo ele cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.
Oir la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.
Qué importa, que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.
Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismo árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.
Yo no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscava el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su corpo claro. Sus ojos infinitos.
Ya no la quiero, es cierto, pero talvez la quiero.
Es tan corto ele amor. y es tan largo el olvido.
Porque en noches como ésta la tuve en mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo la escribo.

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Vinte poemas de amor



Me lembro como eras no último outono.

Eras a boina cinzenta e o coração em calma.

Nos teus olhos brigavam as chamas do crepúsculo.

E as folhas caíam na água da tua alma.



Colada aos meus braços como uma trepadeira,

as folhas recolhiam a tua voz lenta e em calma.

Fogueira de espanto em que a minha sede ardia.

Doce jacinto azul torcido sobre a minha alma.



Sinto viajarem teus olhos e é distante o outono:

boina cinzenta, voz de pássaro e coração de casa,

para onde emigravam os meu profundos desejos

e caíam os meu beijos alegres como brasas.



Céu (visto) de um navio. Campo visto dos montes:

Tua lembraça é de luz, de fumaça, de lago em calma!

Mais para lá dos teus olhos ardiam os crepúsculos.

Folhas secas de outono giravam em tua alma.



Gosto de ti quando calas porque estás como ausente,

e me ouves de longe, e a minha voz não te toca.

Parece que os olhos tivessem voado de ti

e parece que um beijo te fechara a boca.



Como todas as coisas estão cheias da minha alma

emerges das coisas, cheia da minha alma.

Borboleta de sonho, pareces com a minha alma.

e pareces com a palavra melancolia.



Gosto de ti quando calas e estás como distante.

E estás como te queixando, borboleta em arrulho.

E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:

Deixa-me que me cale com o silêncio teu.



Deixa-me que te fale também com o teu silêncio

claro como uma lâmpada, simples como um anel.

És como a noite, calada e constelada.

Teu silêncio é de estrela, tão longínquo e singelo.



Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.

Distante e dolorosa como se tivesse morrido.

Uma palavra então, um sorriso bastam.

E estou alegre, alegre de que não seja verdade.



Posso escrever os versos mais tristes está noite.



Escrever, por exemplo:"A noite está estrelada,

e tiritam, azuis, os astros, ao longe".



O vento da noite gira no céu e canta.



Posso escrever os versos mais tristes está noite.

Eu a amei, e as vezes ela também me amou.



Em noites como esta eu a tive entre em meus braços.

Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.



Ela me amou, às vezes eu também a amava.

Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.



Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.



Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.

E o verso cai na alma como o pasto no orvalho.



Que importa que o meu amor não pudesse guardá-lá.

A noite está estrelada e ela não está comigo.



Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.

Minha alma não se contenta com tê-la perdido.



Como para aproximá-la o meu olhar a procura.

Meu coração a procura, e ela não está comigo.



A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.

Nós, os de então, já não somos os mesmos.



Já não a amo, é verdade, mas quanto a amei.

Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.



De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.

Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.



Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame.

É tão curto o amor, e é tão longo o esquecimento.



Porque em noites como esta eu a tive entre meus braços,

A minha alma não se contenta com tê-la perdido.



Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,

e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

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