Quando li pela primeira vez esse soneto, achei ele muito engraçado, porque já tinha visto compararem a mulher amada com anjo, estrela, musa, etc.. mas nunca com pão, mas depois achei ele lindo, lindo como só Neruda poderia fazer!!!
XIII (do livro cem sonetos de amor)
A luz que de teus pés sobe a tua cabeleira,
a turgência que envolve tua forma delicada,
não é de nácar marinho, nuca de prata fria:
é de pão, de pão amado pelo fogo.
A farinha acumulou seus celeiros contigo
e cresceu incrementada pela idade venturosa,
quando os cereais duplicaram teu peito
meu amor era o carvão trabalhando na terra.
Oh! pão tua fronte, pão tuas pernas, pão tua boca,
pão que devoro e nasce com lua a cada manhã,
bem amada bandeira das fornadas,
uma lição de sangue te concedeu o fogo,
da farinha aprendeste a ser sagrada,
e de pão o idioma e o aroma.
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